Baques

Sinto sempre um baque no coraíão quando um agente da polí­cia olha para mim na rua, ou faz um movimento inesperado. Imagino que me vai mandar parar e assusto-me.

O engraíado é que tenho tudo legal: passaporte com visto de trabalho, carta de conduíão, documentos do carro e autorizaíão para o conduzir. Mas a sensaíão é essa – como quando tenho de passar a fronteira: por mais inocente que eu seja, por mais limpas que estejam as minhas bagagens de qualquer contrabando ou infracíão, sinto-me sempre como potencial culpado de qualquer coisa e fico nervoso.

Nunca daria para contrabandista ou criminoso. Se, mesmo livre de faltas, me apetece estender os pulsos í s algemas e desabafar “OK, eu confesso, fui eu, levem-me preso”, imagine-se como seria se tivesse culpas no cartório.

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