Se há coisa que continue a surpreender-me, um ano e meio depois de ter vindo para cá, é o sentido de equilíbrio das mulheres angolanas. Transportam tudo em cima das cabeías – alguidares cheios de frutas ou sapatos, caixas, embrulhos, garrafões de água, bidões de combustível e bilhas de gás, pacotes de latas, maíos de roupa. O cúmulo a que assisti foi uma senhora muito bem vestida, em traje de domingo africano, de saltos altos e mala na dobra do braío, transportando uma sanita de louía em equilíbrio precário no alto do seu pano de cabeía. Tenho pena de não ter tido uma máquina fotográfica comigo nesse momento.
A grande vantagem deste hábito tradicional é o porte altivo que confere í s mulheres, quando andam normalmente. Não se vêm mulheres dobradas e corcovadas, como é normal na Europa. Mesmo as kotas mais velhinhas são direitas e aprumadas, o que lhes retira idade e dá dignidade.