Já reli e anotei as primeiras 90 páginas do livro. Dessa leitura ressaltam mais dois problemas específicos que vão exigir uma ateníão especial: a questão dos flashbacks e o contexto político da história.
O romance, como é normal em quase todas as obras literárias, danía permanentemente entre o presente narrativo e vários passados, por vezes dentro de um mesmo parágrafo. Esta versatilidade da escrita tem de ter um tratamento cuidadoso na sua transcriíão para a linguagem cinematográfica, sob o risco de “perder†os espectadores. Sem o recurso í pausa, í reflexão, í releitura, o espectador de um filme tem mais dificuldade em entender os saltos cronológicos complexos. No entanto, é também verdade que os espectadores de hoje estão bastante mais sofisticados e adaptados a narrativas não lineares, decifrando melhor certos puzzles narrativos, como o provam filmes como “Mementoâ€, “Crash†ou “21 Gramasâ€.
Por outro lado, uma boa tarde destes flashbacks são passados noutro país, num contexto histórico e político que é completamente estranho í maior parte dos potenciais espectadores do filme (se este vier a ser produzido nos moldes que imagino). Dito desta forma, sem mais detalhes, é difícil entender a questão concreta que se coloca: que quantidade de backstory introduzir, e de que forma, para dar a informaíão necessária ao entendimento dos personagens, sem tornar o filme num manual de história. É uma questão delicada e de difícil resoluíão.
Uma vez mais, é tudo uma questão de opíões e equilíbrios. Fazê-las e achá-los vai ser parte essencial do meu trabalho.